[Série: De Nínive a nós: a mensagem do Deus Misericordioso] - A oração arrependida de um imperfeito servo

 

Jonas, após um ato de rebelião contra o Senhor, chega ao ventre da morte (cf. Jonas 2:2). Como consequência de seu pecado, Jonas só poderia esperar que aquele fosse o seu - justo - fim.

 

Mas o Deus que desejava usar de misericórdia para com Nínive, foi o mesmo Deus que usou de misericórdia para com o profeta de Nínive. Diante da desobediência de Jonas, o Senhor, em sua grande misericórdia, preserva a sua vida através de um peixe. Jonas, por sua vez, sendo constrangido por tão grande amor, ora ao Senhor de todo o coração uma oração de louvor, livramento e contrição, renovando com Ele a sua aliança.

 

Mas, afinal, quantas de nós nunca se viu como Jonas? Atribuladas pela consequência de nosso próprio pecado, mas encontrando a doce misericórdia do Senhor em meio à nossa dor e agonia? Quantas de nós não falhou com o Senhor, mesmo tendo a Ele como Deus pessoal, amado de nossas almas?

 

Por vezes, a desobediência de Jonas pode parecer absurda e distante de nós, mas a verdade é que nós também nos rebelamos e desobedecemos, conscientemente, ao nosso Deus. Por isso, meditemos mais profundamente sobre a oração de Jonas e aprendamos com o seu coração arrependido verdades profundas para a nossa alma.

 


UM SERVO IMPERFEITO ENTENDE A ORAÇÃO COMO UMA DÁDIVA PRECIOSA

 

A oração de Jonas seguia a forma poética dos Salmos. Era uma oração semelhante a um Salmo de livramento, cujo salmista pede por socorro, descreve o problema, fala do livramento de Deus, agradece e faz votos a Ele. Isso porque os Salmos eram a expressão do coração de um judeu piedoso, sendo tradicionalmente cantados e ensinados no templo. A oração de Jonas é a expressão de seu coração, que após um ato de rebelião e rebeldia, volta-se para o Senhor em arrependimento e contrição.

 

O primeiro versículo do capítulo 2 diz que Jonas orou ao Senhor, o seu Deus”. Nesse verso, aprendemos com Jonas que, mesmo diante da dor e da agonia que sentimos em nosso pecado, mesmo encurralados pelas circunstâncias e cercados pela má consequência de nossa iniquidade, é motivo de grande consolo e alegria ter ao SENHOR como Deus pessoal e poder ORAR a Ele.

 

A história de Jonas demonstra para nós a grande, deleitosa e poderosa bênção que temos em nossas mãos, a oração. Podemos ver em sua história que os ouvidos do Senhor estão atentos ao clamor dos justos (cf. Salmos 34:15) e que, de fato, Ele não rejeita um coração quebrantado e contrito (cf. Salmos 51:17).

 

No segundo versículo do capítulo 2, encontramos as seguintes palavras de Jonas em sua oração: “Em meu desespero clamei ao Senhor, e ele me respondeu. Do ventre da morte gritei por socorro, e ouviste o meu clamor.”. Sobre essa oração, Hernandes Dias Lopes comenta: “...nela vemos o desespero humano encontrando alívio no livramento divino”.

 

Por isso, querida irmã, aprenda com Jonas a clamar e gritar por socorro ao Senhor! Quando você cair e o diabo quiser calar a sua voz, incitando culpa e vergonha em seu coração, lembre-se da história de Jonas! Não se cale, antes ORE em arrependimento ao SENHOR, SEU Deus, e Ele, que é fiel a Sua Palavra, ouvirá o seu clamor e não lhe rejeitará.

 

A história de Jonas nos prova que, mesmo nos momentos em que o Senhor fala a nós a Sua vontade e nós endurecemos o nosso coração escolhendo seguir o nosso próprio caminho, a oração fruto de um coração arrependido pode nos conduzir de novo a Sua presença!

 

Que grande bênção!

 


UM SERVO IMPERFEITO VÊ O SEU PECADO E ENTENDE A DISCIPLINA DO SENHOR COMO JUSTA E AMOROSA

 

No versículo 3, ainda do capítulo 2, vemos Jonas reconhecer que foi cercado pela providência divina:

 

Jogaste-me nas profundezas, no coração dos mares; correntezas formavam turbilhão ao meu redor; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim.”

 

Ao ser encurralado pelo Senhor, Jonas reconhece que era Deus quem estava arquitetando as circunstâncias e não se revolta contra Ele. Jonas não questiona as profundezas, correntezas e ondas, pelo contrário, reconhece que Deus estava usando aquelas circunstâncias para a sua própria restauração. Veja:

 

“Mas tu trouxeste a minha vida de volta da cova, ó Senhor meu Deus!” (Jonas 2:6)

 

Deus providenciou as profundezas, correntezas, ondas e o peixe para salvar Jonas, e não para destruí-lo - e Jonas entendia isso! Podemos aprender com Jonas que um servo verdadeiro admite a sua própria culpa e reconhece a disciplina do Senhor como justa e amorosa. É uma disciplina para o bem e salvação, e não para o mal e destruição - assim  foi com Jonas, e assim permanece sendo hoje conosco.

 

As Escrituras nos garantem que Deus só disciplina àqueles que ama e que trata como filho (cf. Hb 12:6), afinal, que filho não é disciplinado por seu pai? O Senhor assim o faz para o nosso bem, para que participemos de Sua santidade, produzindo fruto de justiça e paz quando somos por ela exercitados.

 

Minhas irmãs, bom é ser disciplinada pelo Senhor e não estar entregue ao nosso próprio pecado!


 

UM SERVO IMPERFEITO SOFRE QUANDO ESTÁ LONGE DE DEUS E DAS COISAS DE DEUS

 

Jonas era um profeta de Deus, a palavra do Senhor veio a Ele com uma ordem expressa. Além disso, o próprio Jonas não se envergonhava do Senhor, se identificando como: “hebreu, adorador do SENHOR, o Deus dos céus” (cf. Jonas 1:9) - mas, ainda assim, Jonas pecou desobedecendo a Deus e tentando fugir de Sua presença.

 

A verdade, queridas irmãs, é que não temos do que nos orgulhar. Não somos melhores que os ímpios - apesar de odiarmos o pecado e sermos capacitadas a lutar contra ele, nós caímos e pecamos contra o Senhor que amamos. Jonas e nós somos prova disso.

 

E então, em meio ao seu pecado, Jonas tem o seu coração acometido por uma falta, no versículo 4 do segundo capítulo:

 

“Fui expulso da tua presença; como poderei ver novamente o teu santo templo?”

 

Jonas, ao pecar, se afasta do Senhor - pois não há como ter comunhão com Deus e com o pecado ao mesmo tempo, e então, uma saudade do Senhor e das coisas do Senhor lhe toma a alma. Ele queria estar no templo outra vez, pois o templo era lugar de comunhão com Deus, lugar onde Deus se manifestava. Isso porque um servo do Senhor ama a presença de Deus e a obra de Deus, assim, sofre e se angustia quando encontra-se distante.

 

Sabemos que a palavra do Senhor veio a Jonas. Ele era um servo verdadeiro do Deus dos céus, mas mesmo assim, falhou profundamente com o Senhor, seu Deus, e sofreu com as consequências disso. Quantas de nós nunca se encontrou nessa mesma condição?

 

A nossa inclinação ao pecado, a luta que acontece entre nossa carne e espírito e o mal que fazemos quando não queremos fazer são condições de nossa humanidade caída que devem nos manter humildes, sempre aptas a enxergar a nossa pobreza espiritual e dependência de Deus.

 

Por isso, queridas irmãs, saber que é triste e penoso estar longe do Senhor deve nos conduzir a valorizar, apreciar e nos deleitar nos momentos em que podemos estar diante Dele e de seu santo templo. Sendo assim, que a nossa lembrança da dor de estar distante de Deus:

 

1. nos conduza a valorizar os momentos em que, por sua graça, conseguimos resistir à tentação e estar em Sua doce presença;

2. bem como nos estimule no desenvolvimento de nossa salvação e busca pela santificação.

 

Ele é o nosso bem mais precioso!

 


UM SERVO IMPERFEITO SE ARREPENDE DE SEU PECADO, MAS AINDA PRECISA TER O SEU CORAÇÃO TRATADO POR DEUS

 

Após se arrepender e orar fervorosamente a Deus, Jonas se alegra no Senhor pelo grande livramento recebido, agradecendo a Deus, prometendo sacrifícios e fazendo votos (cf. Jonas 2:9). Contudo, a história imperfeita de Jonas não acaba aí - a obra de Deus em seu coração ainda não se completou.

 

Jonas se arrependeu de sua desobediência e rebeldia, mas ainda havia outros pecados em seu coração que precisavam ser tratados por Deus. Veremos nos próximos capítulos que Jonas se mostrará extremamente descontente e enfurecido com os planos e propósitos de Deus, demonstrando a necessidade de ainda ser moldado e santificado pelo Senhor.

 

Assim também acontece conosco, queridas irmãs. Pecamos e, pela ação do Espírito Santo, nos arrependemos de nosso pecado, porém, ainda existem muitos aspectos dentro de nós que carecem ser tratados por Deus. Se permanecermos Nele e Ele em nós, até o dia do Senhor estaremos sendo moldadas, santificadas, chorando e nos arrependendo pelo mal que insiste em nos perturbar.

 

O próprio apóstolo Paulo admite a sua imperfeição e limitação diante do Senhor em sua carta aos Filipenses, quando escreve: “Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus.” (Filipenses 3:12).

 

Contudo, quando estivermos com o Senhor, poderemos então, finalmente, viver fora do alcance do pecado, pois o Senhor fará novas todas as coisas. Lá não haverá mais morte, tristeza, choro ou dor, e viveremos com Ele para sempre (cf. Apocalipse 21:4,5). Nisso cremos e nos apegamos, enquanto, por um pouco de tempo, somos afligidos em nossa carne aqui.

 

CONCLUSÃO

 

Sendo assim, queridas irmãs, neste texto podemos perceber a nossa proximidade com Jonas e aprender lições contidas em sua sincera oração. Que possamos meditar, com todo o coração, que:

 

1. Um servo imperfeito entende a oração como uma dádiva preciosa;

2. Um servo imperfeito vê o seu pecado e entende a disciplina do Senhor como justa e amorosa;

3. Um servo imperfeito sofre quando está longe de Deus e das coisas de Deus;

4. Um servo imperfeito se arrepende de seu pecado, mas ainda precisa ter o seu coração tratado por Deus.

 

Além de todas aquelas lições que o Espírito Santo possa ter lhe falado durante a sua leitura pessoal deste trecho das Escrituras. Que possamos meditar, guardar em nosso coração e orar sobre aquilo que o Senhor falou em Sua Palavra, para que nos tornemos cada dia mais semelhantes ao nosso amado Salvador, Jesus Cristo, para o nosso bem e Sua glória.

 

 

Que Deus em Cristo vos abençoe.

 

Fraternalmente,

Millena Leal


Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.