[Série: De Nínive a nós: a mensagem do Deus Misericordioso] - O Deus de segundas chances
Em Jonas 3,
percebemos o Senhor repetindo a ordem que havia dado no capítulo 1: "Vá à
grande cidade de Nínive e pregue contra ela a mensagem que eu te dou.” (Jn
3:2). A ordem era a mesma, o destino era o mesmo, a mensagem era a mesma, porém
Jonas não era mais o mesmo. Vemos um profeta que, outrora, tentou fugir da
presença do Senhor, e que agora obedece sem demora. Vemos um profeta que,
outrora, não hesitou rebelar-se contra a ordem do Senhor, e que agora amolecido
pela Sua dura e doce mão, rende-se ao seu senhorio.
Ainda no versículo
1, houve algo que me despertou a atenção: “A palavra do Senhor veio a Jonas
pela segunda vez (Jn 3:1, grifo meu). Quantas vezes podemos nos encontrar nesse
tardio profeta, sendo obstinados de coração e insistindo em tentar fugir da presença
de nosso Pai? Nós tentamos porque, na verdade, contestamos com este exemplo
bíblico o quanto isso está fora de cogitação. Todavia, o Deus de segundas
chances vem ao nosso encontro em meio à nossa resistência e quebra o nosso
orgulho, da maneira que só Ele sabe trabalhar, nos tornando sensíveis a Ele
mais uma vez.
Enxergar a
misericórdia de Deus em nos conceder mais uma chance, longe de nos conduzir a
uma vida libertina - por considerar que podemos pecar levianamente diante do
perdão divino - deve nos conduzir à contrição, visto que Ele nos ama apesar de
nossas falhas e nos capacita a viver para a glória Dele, ainda que sendo
pecadores neste mundo caído. A misericórdia de Deus deve nos conduzir ao
quebrantamento e a uma vida de santidade.
É maravilhoso saber
que existe graça para o pecador, que existe graça apesar de nós. E essa graça é
capaz de alcançar até o “pior dos pecadores”. Era por saber disso que Jonas
retrucou em pregar para Nínive, pois sabia que o seu Deus é um Deus compassivo
e misericordioso (Jn 4:2). Jonas não queria a salvação das pessoas de Nínive,
visto que as odiava imensamente, diante da história de crueldade delas,
inclusive, para com o seu próprio povo. Ainda assim, a graça de Deus alcançou
Nínive!
A narrativa bíblica
afirma que Jonas atravessou, em apenas um dia, uma cidade tão grande que
normalmente levaria três dias para ser percorrida (Jn 3:3-4). Muito
provavelmente pregou correndo, anunciando uma mensagem de juízo, de um coração
que não desejava crédito em sua pregação. Porém, de uma maneira exuberante e
impensável, todos se arrependeram, apregoaram um jejum (Jn 3:5), e Deus perdoou
Nínive (Jn 3:10)! Quanta graça desse Deus misericordioso, a mesma graça que
alcançou cada uma de nós.
Contemplamos nesta
narrativa o maior despertamento espiritual da história bíblica que já existiu.
Um profeta que não queria anunciar a mensagem, que pregou com profunda apatia,
para um povo improvável, sob as circunstâncias mais inapropriadas,
evidenciando, assim, que Deus opera
apesar de nós. Ele se utiliza de seus próprios meios, trazendo os resultados
que lhes são propícios, da maneira que lhe é apropriada. E para isso, pouca é a
influência humana. Somos apenas barro na mão do oleiro. Mas quão maravilhoso é
permanecer em Sua mão!
Aprendemos, neste
capítulo 3 de Jonas, que precisamos nos render totalmente. Precisamos desistir
de querer tomar as rédeas de nossas vidas, estando submissas à vontade soberana
do Senhor. Também aprendemos que devemos pregar em todo tempo, sem olhar a
quem. Porque Deus é poderoso para salvar o pecador. Ele tem poder para salvar!
Somos apenas anunciadores de sua Palavra, instrumentos em suas mãos, com um
imenso privilégio de sermos usadas por Ele. Que não seja necessário um grande
peixe para nos trazer de volta ao caminho, que aprendamos com Jonas a ser
dependentes. Porém, se um dia viermos a falhar e nos desviarmos da vontade do
nosso gracioso Pai, que nos arrependamos sem demora, como Jonas se arrependeu,
como Nínive se arrependeu e que nunca nos esqueçamos que Ele é um Deus de
segundas chances.
Thayse Fernandes
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