[Série: As marcas da família de Deus] - Comunhão

 


“...vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Efésios 2:19)

 

Entendendo a Família de Deus

 

No texto acima, encontramos o apóstolo Paulo se referindo à igreja como “membros da família de Deus”. Isto é possível graças a obra de Cristo, que nos aproximou e reconciliou com Deus, nos garantindo acesso a Ele por um só Espírito.

 

1.1) Em Cristo somos filhos de Deus e irmãos uns dos outros

 

Em Romanos, Paulo se refere a Cristo como o “primogênito entre muitos irmãos”, ou seja, o Filho de Deus que veio primeiro fez-se como caminho para que muitos também se tornassem filhos de Deus. Pela fé em Cristo, todos quanto o receberam e creram em Seu Nome, obtiveram o poder de também serem feitos filhos de Deus.

 

Assim, podemos entender e concluir que, em Cristo, somos feitos filhos de Deus, logo, irmãos uns dos outros, tendo a Cristo como o nosso “irmão mais velho”, aquele que veio primeiro, abrindo caminho para nós.

 

E então, como família de Deus, recebemos muitas dádivas e privilégios mas também deveres e responsabilidades. Meditemos mais sobre isso.

 

 

COMUNHÃO COMO MARCA DA FAMÍLIA DE DEUS

 

 A Lei de Deus e a Comunhão Cristã

 

Os 10 mandamentos, ou Lei Moral de Deus, revela a vontade de Deus ao homem, cabendo a nós observá-la cuidadosamente e tê-la como regra de obediência. A finalidade da obediência não é a justificação do crente, mas a manifestação de nossa gratidão a Deus por tê-la cumprido perfeitamente em Cristo Jesus e imputado a nós os Seus méritos.

 

Dentro da Lei Moral de Deus, podemos encontrar o mandamento “Não Matarás”, que aparentemente pode significar apenas a preservação da vida do nosso próximo, mas que, na verdade, carrega um significado muito mais profundo.

 

O sexto mandamento da Lei de Deus também significa não odiar, não sentir raiva pecaminosa, não invejar e não possuir desejo de vingança para com a vida do nosso próximo. 


Jesus deixa claro, em Mateus 5:20-22, que o cumprimento da Lei não diz respeito apenas ao ato externo, mas ao coração, às vontades e aos afetos. Todo aquele que odeia o seu irmão é considerado assassino, assim também escreve João em 1 João 3:15.

 

Por isso, queridas irmãs, podemos entender que o nosso Deus está interessado em uma obediência completa - tanto dos nossos atos como das nossas motivações, inclusive em nossa relação com o próximo. Deus não deseja que tenhamos sentimentos odiosos uns pelos outros, muito pelo contrário, devemos amar uns aos outros como Ele nos amou (Jo 13:34).

 

Além da preservação da vida, a nossa relação uns com os outros precisa ser pautada no amor, no desejo de bem e cuidado para com o próximo, sendo esse o grande princípio em que a comunhão cristã deve estar baseada. Paulo escreveu aos Romanos: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei.” (Rm 13:8).

 

A relação entre os membros do corpo de Cristo deve ser pautada no amor. Os irmãos da família de Deus devem viver em amor. Porque recebemos e experimentamos o amor de Deus em nossas vidas, podemos amar uns aos outros.

 

 

A prática da comunhão cristã

 

Na nova vida em Cristo somos impelidos a nos despir do velho homem e nos revestir do novo e seu novo modo de viver. Há uma mudança de mente, inclinações do coração e obras, inclusive no convívio com os irmãos na fé e na comunhão.

 

Estar em Cristo traz implicações. Para viver na família de Deus há princípios. Não podemos viver uns com os outros de qualquer forma, mas como irmãos, filhos de um mesmo Pai, selados pelo mesmo Espírito, tendo uma mesma fé, em amor.

 

Em Colossenses 3:12-17 Paulo traz algumas orientações à comunhão cristã: devemos nos revestir de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência no trato uns com os outros, servindo de suporte uns aos outros e perdoando como o Senhor nos perdoou, vivendo em paz como membros de um só corpo. Ou seja, condenação, maledicência, inveja, impaciência, indiferença, ressentimento e intrigas são obras totalmente contrárias às orientações bíblicas direcionadas ao povo de Deus.

 

Paulo continua o texto recomendando-nos a nos revestir de amor, sendo agradecidas, ensinando e aconselhando umas às outras com toda a sabedoria, cantando salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seus corações. Nestes versículos Paulo vai um pouco mais além, enfatizando não apenas as nossas ações, mas também o conteúdo e teor do que sai de nossa boca e coração. Devemos ser amorosas e agradecidas e os nossos ensinos e conselhos devem ser envoltos de sabedoria da parte de Deus, com cânticos em nossos lábios.

 

A comunhão cristã deve ser fundamentada e regida pelos princípios de Deus, sendo realizada por intermédio de Cristo sob a capacitação do Espírito. É como uma grande equipe que se ajuda e se encoraja mutuamente para que todos cheguem ao alvo final. Mas não só isso - essa equipe não se preocupa apenas com a chegada à premiação para ela reservada, mas se preocupa também em investir para que todo o caminhar seja cheio de fé e regado no amor.

 

Não estamos em times opostos, temos um mesmo Deus e um mesmo propósito. Não somos adversários, estamos todos do mesmo lado. Somos família de Deus!

 

 

A unidade e manutenção da paz no meio da igreja

 

Quem estabelece a paz não somos nós. Estávamos mortos em nossos delitos e pecados e não poderíamos fazer nada por nós mesmos. Deus estabeleceu a paz em Cristo - paz com os homens e paz entre os homens, e agora a nossa missão é mantê-la. Observe as palavras de Paulo em sua carta aos Efésios:

 

“Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” (Efésios 4:3)

 

Não devemos apenas nos esforçar, mas devemos fazer todo o esforço para preservar a paz estabelecida por Deus entre os homens. A paz adquirida em Cristo custou a Sua própria vida, não podemos banalizá-la ou tratá-la de qualquer forma, mas precisamos lutar para preservá-la. Observe as palavras de Tiago em sua epístola:

 

“De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês? Vocês cobiçam coisas, e não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não têm, porque não pedem. Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres.” (Tiago 4:1-3)

 

Nesse trecho das Escrituras, Tiago deixa claro que as guerras, contendas, cobiça, morte e inveja que há em nosso meio é graças ao nosso próprio coração. Esses pecados vêm das paixões que guerreiam em nós, e isso, queridas irmãs, deve nos deixar alertas e vigilantes acerca de nós mesmos.

 

Não podemos nos entregar aos sentimentos e afetos negativos que, por ventura, possam surgir em nosso coração. Precisamos estar vigilantes e atentas, nos apresentando sempre diante de Deus e renovando a nossa mente nas Escrituras, para que o Senhor endireite os nossos caminhos e possamos fazer a Sua vontade.

 

A maledicência, a fofoca, a intriga, a inveja, o partidarismo, são sentimentos e disposições de nosso coração que precisam ser confessados e submetidos a Deus. O pecado precisa ser freado, controlado, não deve endurecer o nosso coração e nos dominar.

 

Que hoje você possa, diante do Senhor, apresentar o seu coração e rogar a Ele que o seu interior seja lugar de amor e comunhão, de bondade, graça e misericórdia. Lute por isso.

 

O nosso amado Mestre e Salvador orou pela unidade da igreja (Jo 17:11), pedindo que fôssemos um assim como Ele e Deus Pai são um (Jo 17:22), para que então o mundo creia que Deus o enviou (Jo 17:21).

 

É importante lembrarmos que unidade não é uniformidade. Queridas irmãs, não espere que a sua irmã pense exatamente igual a você em pontos não fundamentais da fé. Esses assuntos controversos não devem ganhar espaço em nosso meio, muito menos para causar separação e intriga. Devemos ter um mesmo pensamento no que consiste ao Evangelho e Suas verdades, fora disso, devemos respeitar umas às outras em pontos em que a liberdade não infringe, em nada, a vontade revelada de Deus.

 

Não permita que o desejo de nosso coração de querer ter sempre razão seja capaz de comprometer o vínculo da paz conquistado por Cristo para nós. Lembremos: não devemos buscar alimentar o nosso ego, mas sim considerar o outro superior a nós mesmos.

 

 

Estar em comunhão é se encorajar nas bênçãos e dividir os fardos

 

Viver a peregrinação é agridoce. A doçura consiste nos vislumbres, dádivas de um Deus que é bom. Já o amargo é um sinal de que o mundo não é e nem pode ser perfeito - ele é caído, quebrado, o pecado existe em seu interior. Mas, quer seja no amargo ou no doce da vida, bom é ter com quem dividir os momentos. Os irmãos da família de Deus são as pessoas que Deus escolheu para sorrir e chorar junto conosco.

 

Nossa missão nessa grande família, seja encorajando ou chorando junto, não é nos colocar como deuses e solucionadores de problemas, mas apontar para o nosso Deus, sempre pregando e lembrando das verdades eternas que nos sustentam e conduzem na peregrinação. Ele, o nosso Deus e Pai, é sempre o motivo, o sentido e a razão que pauta a nossa comunhão.


Por isso, querida irmã, tendo em vista tudo o que meditamos sobre a obra de Cristo e a vontade de Deus para nós, Sua família, esforcemo-nos, esmurrando a nossa carne e submetendo-a a Deus, para que a nossa vida seja lugar da mais doce comunhão. Comunhão recheada de amor e companhia, de sorrisos e lágrimas, de conselhos, cânticos, encorajamentos e auxílio; comunhão recheada do fruto do Espírito; comunhão que aponta e fala sobre Deus.

 

Utilize os seus pontos fortes para abençoar outras irmãs. Seja a sua habilidade de ouvir, seja a sua capacidade de servir, seja o seu senso de humor ou até mesmo o seu conhecimento sobre algo -  coloque-se, intencionalmente, à disposição! Convide irmãs para a sua casa, para uma tarde de café com bolo, conversas, meditações e oração, ou convide para uma saída juntas. Chegue junto!

 

Seja confiável e vulnerável. Seja alguém que os irmãos possam contar, alguém não expõe os pecados e vulnerabilidades de seu próximo, mas que preserva e cuida da imagem do outro. Contudo, não apenas escute, seja também vulnerável. Abra o seu coração, se faça conhecida, permita que outras irmãs possam ter acesso a você de forma mais profunda. Assim costumam nascer as mais belas amizades!

 

E acima de tudo, minhas irmãs, cuidem para sempre estar diante do Senhor em oração e contato com as Escrituras. São esses meios de graça que manterão o nosso coração firme em Deus e na Sua vontade.

 

 

“Agora que vocês purificaram as suas vidas pela obediência à verdade, visando ao amor fraternal e sincero, amem sinceramente uns aos outros e de todo o coração.” (1 Pedro 1:22)

 

 

Que Deus em Cristo nos abençoe.

 

Com amor,

Millena Leal


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