[Série: Salmos de gratidão] - Salmo 13: O lamento de um coração adorador
Acredito que assim
como eu, você também já conseguiu se ver nas linhas escritas pelos servos de
Deus no livro dos Salmos. Possivelmente ao lê-los pensamos: ele também passou
por isso?. Seja o júbilo, a adoração, gratidão, os louvores ao Senhor, as
lamentações, angústias, súplicas, esses textos penetram fortemente em nosso
coração, nos ensina preciosas lições e nos trazem fôlego para caminhar em nossa
vida cristã. A introdução do Salmo 13 indica que ele foi escrito pelo rei Davi
e destinado ao louvor público em comunidade. Além de rei, Davi também era um
habilidoso poeta e músico. Em seus salmos percebemos as suas experiências ao
longo da vida bem como a sua devoção e o seu íntimo relacionamento com Deus.
Ao iniciarmos a
leitura do Salmo 13, nos deparamos com a pergunta “Até quando?”. Que maneira
interessante de começar uma canção, concorda? O fato dessa mesma pergunta se
repetir algumas vezes em um salmo com apenas seis versos deixa explícito que
estamos lendo sobre um profundo lamento e um forte sentimento de urgência. Esse
é um tema muito comum ao longo deste livro.
“Até quando, Senhor? Para sempre te esquecerás de mim? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando terei inquietações e tristeza no coração dia após dia? Até quando o meu inimigo triunfará sobre mim?” (Salmos 13:1-2).
Como falei antes,
são inúmeras as lições preciosas que podemos aprender ao lermos os salmos.
Acerca do salmo que estamos lendo hoje, eu aprendo algo sublime e que norteia
os meus dias ao lado do meu Senhor. Em sua presença, o meu lamento pode ecoar.
Sem máscaras e palavras trajadas de ideias mentirosas que não revelam o que de
fato há no coração. Pelo contrário, na presença Dele, eu posso rasgar o meu
coração mesmo que para dizer que me sinto esquecida e abandonada por Ele. Foi
exatamente isso o que Davi fez aqui. Os seus lamentos também ecoam na Presença
do seu Pai Bondoso?
Não são raras as
vezes que nos sentimos esquecidas. Parece que o silêncio de Deus nos ensurdece
nas nossas noites mais frias. A tristeza do coração se expressa em nosso rosto
e alma não encontra repouso. Ela chacoalha de um lado a outro sem encontrar um
lugar para descansar. No entanto, era durante esses momentos de maior
dificuldade que Davi clamava ao Senhor e desnudava a sua alma abatida diante
Dele. Graças ao nosso Senhor Jesus nós podemos fazer o mesmo. Quando o coração
doer, precisamos ir até a Presença. Lá, com certeza, o nosso lamento e angústia
podem ser revelados.
Encontramos a partir
do verso três algumas petições. Esses pedidos não foram feitos para alguém por
mera conveniência. Davi tinha total certeza que o Deus dele podia todas as
coisas, inclusive ouvir a sua voz cansada. Davi encontrou na Presença de Deus
um lugar seguro para expressar todas as suas lamentações e abrir o coração
revelando o mais profundo de sua alma. E isso aconteceu porque o rei tinha um
relacionamento pessoal com Deus. Davi já havia provado do alívio que só o
Senhor traz ao coração angustiado e entristecido, o acalento e direcionamento
que Ele dá a alma abatida e sem direção. O Senhor responde as súplicas, ouve a
voz do aflito, reanima, revigora e fortalece.
“Olha para mim e responde, Senhor, meu Deus. Ilumina os meus olhos, ou do contrário dormirei o sono da morte; os meus inimigos dirão: ‘Eu o venci’, e os meus adversários festejarão o meu fracasso.” (Salmos 13:3-4).
Deus tem sido o seu
Deus? Você lamenta e suplica a Ele porque sabe que Ele é o seu Deus? O nosso
relacionamento com Deus deve ser tão íntimo ao ponto de pedirmos a Ele, não
como um ritual distante, frio e sem sentido, mas com o coração convicto de que
cada palavra é ouvida e que Ele é o Deus que cuida dos nossos olhos que muitas
vezes se encontram sem luz devido a tantas peripécias da vida que parecem
querer sugar o sentido de tudo. Graças ao nosso bondoso Pai podemos nos achegar
a Ele e derramar tudo o que há em nosso coração. Deus não é alheio às nossas
angústias e conhece as nossas petições. Ele é quem nos ilumina e direciona. Ele
é a Rocha, o Porto Seguro em quem nós ancoramos o nosso frágil coração. Ele
fala a nossa alma que Nele há sentido.
Davi depositava toda
a sua confiança em seu Deus. E isso o levava a lamentar, pedir, e também a
adorar. As suas súplicas partiam de um coração confiante, e o seu louvor
também.
“Eu, porém, confio em teu amor; o meu coração exulta em tua salvação. Quero cantar ao Senhor pelo bem que me tem feito.” (Salmos 13:5-6).
A nossa boca se
enche de louvor e exultação apesar das circunstâncias? Como é difícil
reconhecer as inúmeras bênçãos que experienciamos quando as dificuldades também
são sentidas na pele. Davi foi um homem que viveu muitos conflitos, momentos de
terror, guerras contra nações e contra o seu próprio coração. As angústias
desse servo foram profundas e reais. Mas, o louvor não se apartou de seus
lábios. Há contentamento na doce Presença. O coração cansado se enche de
confiança no Deus que não retira de nós a sua face e que caminha ao lado.
Davi afirmou em quem
a sua confiança estava. Ele não precisou ver todas as circunstâncias mudarem. O
louvor e a exultação não se apartaram de seu coração em momento algum. Ele
confiava no amor do seu Deus. Ele reconhecia todo o bem que o seu Senhor havia
feito. Quando afirmamos que confiamos no amor de Deus, estamos dizendo que
confiamos em quem Ele é, no seu caráter. Estamos repousando, assim como um bebê
repousa tranquilo no colo de seus pais, nos braços do Pai que não pode falhar e
nem nos faltar. Tudo isso tem sido uma verdade vivida por você?
Hellen Juliane
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